Pegadinhas do Consórcio

Cotidiano Básico
Consórcio é uma modalidade de financiamento coletivo, porém existem "pegadinhas" que os vendedores não mencionam, como por exemplo: não haver descontos na antecipação de parcelas.
Lucas Cortezzi
23/01/2023
Stack

Quais as pegadinhas do Consórcio? Fique atento. 

Resumidamente o consórcio é uma forma de financiamento coletivo onde várias pessoas se juntam para adquirirem os bens desejados ao longo do tempo. Na lifin já mencionamos o funcionamento de um consórcio, caso tenha perdido é possível acessar esse conteúdo em “O que é Consórcio?”.

Hoje explicaremos as pegadinhas que são repetidas no momento da contratação de um consórcio, destacando como não serve como uma poupança forçada nem para investimentos.

Esse tipo de financiamento é vendido como super benéfico para as pessoas por não existir a cobrança de juros em suas parcelas, porém existem outros fatores que podem ser prejudiciais ao cliente, como por exemplo, a taxa de administração que é perdida integralmente em favor da administradora do consórcio.

Outro argumento muito utilizado é o fato do consórcio ser um tipo de “poupança forçada” já que você tem a obrigação de todos os meses pagar as parcelas de seu consórcio sob o risco de ser cobrado por um terceiro, o administrador.

Esses motivos são as pegadinhas que levam as pessoas a contratarem um consórcio sem entender plenamente suas regras, vantagens e desvantagens.

PEGADINHA 1 – A Falsa Poupança forçada!

As pessoas que elogiam o consórcio geralmente usam o seguinte argumento “Fiz o consórcio porque sou ruim em guardar dinheiro, mas com o consórcio sou obrigado a me pagar todos os meses”

Esse argumento é utilizado por quem vende o consórcio e entrou no imaginário das pessoas gerando a falsa sensação de que somos incapazes de controlar nosso dinheiro de forma ativa e consciente.

Primeiramente devemos destacar que mesclar a ideia de “poupança forçada” com o consórcio é o mesmo que você contratar uma pessoa para te obrigar a investir todos os meses, porém essa pessoa irá lhe cobrar uma comissão de, no mínimo, 15% de tudo em que você investir. Isso não faz sentido!

Caso você pense que o consórcio é uma poupança forçada a cada R$ 100,00 que você “poupa”, você paga R$ 15 para o seu capataz e fica com apenas R$ 75 por uma simples falta de controle financeiro!

Entendemos que algumas pessoas tem o pensamento consumista e não conseguem controlar os impulsos de compra, mas você sabia que pode se forçar a poupar de forma gratuita? 

Diversos bancos e corretoras disponibilizam a opção para realizar o “investimento automático” ou a “repetição de investimento”.

Esse investimento automático ou repetido te permite definir uma data do mês para que automaticamente o banco recolha valores de sua conta e invista em um ativo de renda fixa que você previamente definiu.

Você pode, por exemplo, receber seu salário no 5º dia útil e definir que no 6º dia útil o banco deverá realizar aquele investimento automaticamente, assim você não terá que se preocupar em controlar aquele valor e estará pagando uma parcela “forçada” para seu “Eu do futuro” sem pagar nenhum intermediário 15% de tudo que você tem!

PEGADINHA 2 – O desperdício de recursos financeiros para seu futuro!

Quando te oferecem o consórcio explicam que nele não existem juros, você paga “apenas” uma taxa de administração para a empresa que controla os recursos do grupo, porém não te explicam como isso pode ser prejudicial para você e seu dinheiro e como quase 1/3 dos valores que você paga na parcela são “desperdiçados”.

Em uma breve pesquisa online podemos obter a informação de que no ano de 2022 a taxa de administração mais baixa ficou próxima dos 15%, ou seja, para cada R$ 100,00 que você buscava receber no consórcio, você deveria pagar R$ 15 para o administrador.

Vamos montar um exemplo com algumas informações para um consórcio de um bem de R$ 100.000,00 (cem mil reais):

Valor da carta de crédito: R$ 100.000,00
Prazo: 72 meses (6 anos)
Fundo de reserva: 2%
Seguro: R$ 105,22
Taxa de Administração: 20%
Parcela do Fundo comum + Parcela do Fundo Reserva + Parcela do Seguro + Parcela da Taxa de Administração = Parcela total do consórcio
R$ 1.389,00 + R$ 27,78 + R$ 105,22 + R$ 278,00 = R$ 1.800,00

Nessa operação a parcela total do consórcio seria de R$ 1.800,00 a serem pagos por 72 meses, totalizando R$ 129.600,00. Quer entender como chegamos a esses valores? Leia a parte 1 onde explicamos “o que é consórcio?”.

Entendendo a operação acima:

Para receber um bem de R$ 100.000,00 você deve pagar parcelas mensais de R$ 1.389,00 pelo prazo de 72 meses, porém como realizou um consórcio você acaba pagando R$ 411,00 a mais por parcela para participar desse grupo de financiamento e remunerar o administrador do fundo.

Quase 1/3 (um terço) da parcela é “desperdiçado” garantindo a operação do administrador e a manutenção do grupo de consórcio. Você não vê retorno desses valores, eles são a remuneração do administrador e da seguradora, bem como gestão de risco.

Para fins exemplificativos, se você investisse mensalmente os R$ 1.389,00 reais pelo mesmo prazo, a um rendimento de 0,7% a.m., você obteria ao final do período os mesmos R$ 129 mil reais!

Caso investisse os R$ 1.800,00 nas mesmas condições teria quase R$ 168 mil reais.

PEGADINHA 3 - Não é possível abater as parcelas com desconto!

Já que no consórcio não existe a cobrança de juros sobre o valor financiado, você basicamente não pode se beneficiar do efeito da “amortização dos juros”, aquela famosa dica de financiamento em que você paga uma parcela “do começo” e uma “do final” do financiamento para pagar menos juros.

No consórcio o que é cobrado é a taxa de administração, ou seja, a remuneração pelo serviço prestado pela empresa controladora do consórcio, como o valor cobrado é um serviço, não existe qualquer desconto sobre o valor pago antecipadamente.

Vamos ao exemplo utilizando os mesmos valores utilizados acima mas em dois casos diferentes, um financiamento e um consórcio:

CASO 1 – Financiamento normal

Você financiou R$ 100.000,00 pelo prazo de 72 meses com uma taxa de juros total de 15% + encargos, resultando em um financiamento de R$ 129.600,00.

Suponha que você ganhou na loteria e vai quitar a dívida no dia seguinte que contratou o financiamento.

Ao realizar isso, você teria os 15% de desconto referentes ao valor total da dívida:

R$ 129.600,00 x 15% = desconto
R$ 129.600,00 x 15/100 = desconto
R$ 129.600,00 x 0,15 = desconto
R$ 19.440,00 = desconto


Isso significa que você pagaria R$ 110.160,00 (total – desconto) para quitar seu financiamento.

CASO 2 - Consórcio

Você entrou em um consórcio de um bem de R$ 100.000,00 pelo prazo de 72 meses cuja taxa de administração são 15% + encargos, resultando em um custo total de R$ 129.600,00.

Mesmo que você ganhe na loteria e queira quitar o consórcio no dia seguinte, não haverá desconto do total, pois você deve pagar pelo serviço prestado pela administradora, ou seja, mesmo à vista, o pagamento deverá ser integralmente os R$ 129.600,00.

Isso te demonstra que ao optar pelo consórcio talvez seja melhor você manter o pagamento das parcelas pelo tempo necessário ao invés de quitar seu consórcio de uma só vez, mas é necessário fazer as contas.

Conclusão

É preciso ter cautela ao se comprometer com financiamentos ou consórcios de longo prazo ou de bens de alto valor, pois cada tipo de forma de compra de um bem pode gerar uma série de desdobramentos em sua vida financeira, seja ela positiva ou negativa. 

O importante é estudar as possibilidades na hora de contratar algo como um consórcio, entendendo suas vantagens e desvantagens. 

O principal problema que identificamos é que aqueles que te vendem esse tipo de serviços por inúmeras vezes não sabem essas diferenças ou não querem explicar aos seus clientes, sendo assim, cabe a você a responsabilidade por fazer as perguntas necessárias e obter todas as principais informações até entender que caminho X ou Y é o melhor na compra de determinados bens.

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Consórcio é uma modalidade de financiamento coletivo, porém existem "pegadinhas" que os vendedores não mencionam, como por exemplo: não haver descontos na antecipação de parcelas.
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Quais as pegadinhas do Consórcio? Fique atento. 

Resumidamente o consórcio é uma forma de financiamento coletivo onde várias pessoas se juntam para adquirirem os bens desejados ao longo do tempo. Na lifin já mencionamos o funcionamento de um consórcio, caso tenha perdido é possível acessar esse conteúdo em “O que é Consórcio?”.

Hoje explicaremos as pegadinhas que são repetidas no momento da contratação de um consórcio, destacando como não serve como uma poupança forçada nem para investimentos.

Esse tipo de financiamento é vendido como super benéfico para as pessoas por não existir a cobrança de juros em suas parcelas, porém existem outros fatores que podem ser prejudiciais ao cliente, como por exemplo, a taxa de administração que é perdida integralmente em favor da administradora do consórcio.

Outro argumento muito utilizado é o fato do consórcio ser um tipo de “poupança forçada” já que você tem a obrigação de todos os meses pagar as parcelas de seu consórcio sob o risco de ser cobrado por um terceiro, o administrador.

Esses motivos são as pegadinhas que levam as pessoas a contratarem um consórcio sem entender plenamente suas regras, vantagens e desvantagens.

PEGADINHA 1 – A Falsa Poupança forçada!

As pessoas que elogiam o consórcio geralmente usam o seguinte argumento “Fiz o consórcio porque sou ruim em guardar dinheiro, mas com o consórcio sou obrigado a me pagar todos os meses”

Esse argumento é utilizado por quem vende o consórcio e entrou no imaginário das pessoas gerando a falsa sensação de que somos incapazes de controlar nosso dinheiro de forma ativa e consciente.

Primeiramente devemos destacar que mesclar a ideia de “poupança forçada” com o consórcio é o mesmo que você contratar uma pessoa para te obrigar a investir todos os meses, porém essa pessoa irá lhe cobrar uma comissão de, no mínimo, 15% de tudo em que você investir. Isso não faz sentido!

Caso você pense que o consórcio é uma poupança forçada a cada R$ 100,00 que você “poupa”, você paga R$ 15 para o seu capataz e fica com apenas R$ 75 por uma simples falta de controle financeiro!

Entendemos que algumas pessoas tem o pensamento consumista e não conseguem controlar os impulsos de compra, mas você sabia que pode se forçar a poupar de forma gratuita? 

Diversos bancos e corretoras disponibilizam a opção para realizar o “investimento automático” ou a “repetição de investimento”.

Esse investimento automático ou repetido te permite definir uma data do mês para que automaticamente o banco recolha valores de sua conta e invista em um ativo de renda fixa que você previamente definiu.

Você pode, por exemplo, receber seu salário no 5º dia útil e definir que no 6º dia útil o banco deverá realizar aquele investimento automaticamente, assim você não terá que se preocupar em controlar aquele valor e estará pagando uma parcela “forçada” para seu “Eu do futuro” sem pagar nenhum intermediário 15% de tudo que você tem!

PEGADINHA 2 – O desperdício de recursos financeiros para seu futuro!

Quando te oferecem o consórcio explicam que nele não existem juros, você paga “apenas” uma taxa de administração para a empresa que controla os recursos do grupo, porém não te explicam como isso pode ser prejudicial para você e seu dinheiro e como quase 1/3 dos valores que você paga na parcela são “desperdiçados”.

Em uma breve pesquisa online podemos obter a informação de que no ano de 2022 a taxa de administração mais baixa ficou próxima dos 15%, ou seja, para cada R$ 100,00 que você buscava receber no consórcio, você deveria pagar R$ 15 para o administrador.

Vamos montar um exemplo com algumas informações para um consórcio de um bem de R$ 100.000,00 (cem mil reais):

Valor da carta de crédito: R$ 100.000,00
Prazo: 72 meses (6 anos)
Fundo de reserva: 2%
Seguro: R$ 105,22
Taxa de Administração: 20%
Parcela do Fundo comum + Parcela do Fundo Reserva + Parcela do Seguro + Parcela da Taxa de Administração = Parcela total do consórcio
R$ 1.389,00 + R$ 27,78 + R$ 105,22 + R$ 278,00 = R$ 1.800,00

Nessa operação a parcela total do consórcio seria de R$ 1.800,00 a serem pagos por 72 meses, totalizando R$ 129.600,00. Quer entender como chegamos a esses valores? Leia a parte 1 onde explicamos “o que é consórcio?”.

Entendendo a operação acima:

Para receber um bem de R$ 100.000,00 você deve pagar parcelas mensais de R$ 1.389,00 pelo prazo de 72 meses, porém como realizou um consórcio você acaba pagando R$ 411,00 a mais por parcela para participar desse grupo de financiamento e remunerar o administrador do fundo.

Quase 1/3 (um terço) da parcela é “desperdiçado” garantindo a operação do administrador e a manutenção do grupo de consórcio. Você não vê retorno desses valores, eles são a remuneração do administrador e da seguradora, bem como gestão de risco.

Para fins exemplificativos, se você investisse mensalmente os R$ 1.389,00 reais pelo mesmo prazo, a um rendimento de 0,7% a.m., você obteria ao final do período os mesmos R$ 129 mil reais!

Caso investisse os R$ 1.800,00 nas mesmas condições teria quase R$ 168 mil reais.

PEGADINHA 3 - Não é possível abater as parcelas com desconto!

Já que no consórcio não existe a cobrança de juros sobre o valor financiado, você basicamente não pode se beneficiar do efeito da “amortização dos juros”, aquela famosa dica de financiamento em que você paga uma parcela “do começo” e uma “do final” do financiamento para pagar menos juros.

No consórcio o que é cobrado é a taxa de administração, ou seja, a remuneração pelo serviço prestado pela empresa controladora do consórcio, como o valor cobrado é um serviço, não existe qualquer desconto sobre o valor pago antecipadamente.

Vamos ao exemplo utilizando os mesmos valores utilizados acima mas em dois casos diferentes, um financiamento e um consórcio:

CASO 1 – Financiamento normal

Você financiou R$ 100.000,00 pelo prazo de 72 meses com uma taxa de juros total de 15% + encargos, resultando em um financiamento de R$ 129.600,00.

Suponha que você ganhou na loteria e vai quitar a dívida no dia seguinte que contratou o financiamento.

Ao realizar isso, você teria os 15% de desconto referentes ao valor total da dívida:

R$ 129.600,00 x 15% = desconto
R$ 129.600,00 x 15/100 = desconto
R$ 129.600,00 x 0,15 = desconto
R$ 19.440,00 = desconto


Isso significa que você pagaria R$ 110.160,00 (total – desconto) para quitar seu financiamento.

CASO 2 - Consórcio

Você entrou em um consórcio de um bem de R$ 100.000,00 pelo prazo de 72 meses cuja taxa de administração são 15% + encargos, resultando em um custo total de R$ 129.600,00.

Mesmo que você ganhe na loteria e queira quitar o consórcio no dia seguinte, não haverá desconto do total, pois você deve pagar pelo serviço prestado pela administradora, ou seja, mesmo à vista, o pagamento deverá ser integralmente os R$ 129.600,00.

Isso te demonstra que ao optar pelo consórcio talvez seja melhor você manter o pagamento das parcelas pelo tempo necessário ao invés de quitar seu consórcio de uma só vez, mas é necessário fazer as contas.

Conclusão

É preciso ter cautela ao se comprometer com financiamentos ou consórcios de longo prazo ou de bens de alto valor, pois cada tipo de forma de compra de um bem pode gerar uma série de desdobramentos em sua vida financeira, seja ela positiva ou negativa. 

O importante é estudar as possibilidades na hora de contratar algo como um consórcio, entendendo suas vantagens e desvantagens. 

O principal problema que identificamos é que aqueles que te vendem esse tipo de serviços por inúmeras vezes não sabem essas diferenças ou não querem explicar aos seus clientes, sendo assim, cabe a você a responsabilidade por fazer as perguntas necessárias e obter todas as principais informações até entender que caminho X ou Y é o melhor na compra de determinados bens.

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Cotidiano Básico
Consórcio é uma modalidade de financiamento coletivo, porém existem "pegadinhas" que os vendedores não mencionam, como por exemplo: não haver descontos na antecipação de parcelas.
Lucas Cortezzi
23/01/2023
Stack

Quais as pegadinhas do Consórcio? Fique atento. 

Resumidamente o consórcio é uma forma de financiamento coletivo onde várias pessoas se juntam para adquirirem os bens desejados ao longo do tempo. Na lifin já mencionamos o funcionamento de um consórcio, caso tenha perdido é possível acessar esse conteúdo em “O que é Consórcio?”.

Hoje explicaremos as pegadinhas que são repetidas no momento da contratação de um consórcio, destacando como não serve como uma poupança forçada nem para investimentos.

Esse tipo de financiamento é vendido como super benéfico para as pessoas por não existir a cobrança de juros em suas parcelas, porém existem outros fatores que podem ser prejudiciais ao cliente, como por exemplo, a taxa de administração que é perdida integralmente em favor da administradora do consórcio.

Outro argumento muito utilizado é o fato do consórcio ser um tipo de “poupança forçada” já que você tem a obrigação de todos os meses pagar as parcelas de seu consórcio sob o risco de ser cobrado por um terceiro, o administrador.

Esses motivos são as pegadinhas que levam as pessoas a contratarem um consórcio sem entender plenamente suas regras, vantagens e desvantagens.

PEGADINHA 1 – A Falsa Poupança forçada!

As pessoas que elogiam o consórcio geralmente usam o seguinte argumento “Fiz o consórcio porque sou ruim em guardar dinheiro, mas com o consórcio sou obrigado a me pagar todos os meses”

Esse argumento é utilizado por quem vende o consórcio e entrou no imaginário das pessoas gerando a falsa sensação de que somos incapazes de controlar nosso dinheiro de forma ativa e consciente.

Primeiramente devemos destacar que mesclar a ideia de “poupança forçada” com o consórcio é o mesmo que você contratar uma pessoa para te obrigar a investir todos os meses, porém essa pessoa irá lhe cobrar uma comissão de, no mínimo, 15% de tudo em que você investir. Isso não faz sentido!

Caso você pense que o consórcio é uma poupança forçada a cada R$ 100,00 que você “poupa”, você paga R$ 15 para o seu capataz e fica com apenas R$ 75 por uma simples falta de controle financeiro!

Entendemos que algumas pessoas tem o pensamento consumista e não conseguem controlar os impulsos de compra, mas você sabia que pode se forçar a poupar de forma gratuita? 

Diversos bancos e corretoras disponibilizam a opção para realizar o “investimento automático” ou a “repetição de investimento”.

Esse investimento automático ou repetido te permite definir uma data do mês para que automaticamente o banco recolha valores de sua conta e invista em um ativo de renda fixa que você previamente definiu.

Você pode, por exemplo, receber seu salário no 5º dia útil e definir que no 6º dia útil o banco deverá realizar aquele investimento automaticamente, assim você não terá que se preocupar em controlar aquele valor e estará pagando uma parcela “forçada” para seu “Eu do futuro” sem pagar nenhum intermediário 15% de tudo que você tem!

PEGADINHA 2 – O desperdício de recursos financeiros para seu futuro!

Quando te oferecem o consórcio explicam que nele não existem juros, você paga “apenas” uma taxa de administração para a empresa que controla os recursos do grupo, porém não te explicam como isso pode ser prejudicial para você e seu dinheiro e como quase 1/3 dos valores que você paga na parcela são “desperdiçados”.

Em uma breve pesquisa online podemos obter a informação de que no ano de 2022 a taxa de administração mais baixa ficou próxima dos 15%, ou seja, para cada R$ 100,00 que você buscava receber no consórcio, você deveria pagar R$ 15 para o administrador.

Vamos montar um exemplo com algumas informações para um consórcio de um bem de R$ 100.000,00 (cem mil reais):

Valor da carta de crédito: R$ 100.000,00
Prazo: 72 meses (6 anos)
Fundo de reserva: 2%
Seguro: R$ 105,22
Taxa de Administração: 20%
Parcela do Fundo comum + Parcela do Fundo Reserva + Parcela do Seguro + Parcela da Taxa de Administração = Parcela total do consórcio
R$ 1.389,00 + R$ 27,78 + R$ 105,22 + R$ 278,00 = R$ 1.800,00

Nessa operação a parcela total do consórcio seria de R$ 1.800,00 a serem pagos por 72 meses, totalizando R$ 129.600,00. Quer entender como chegamos a esses valores? Leia a parte 1 onde explicamos “o que é consórcio?”.

Entendendo a operação acima:

Para receber um bem de R$ 100.000,00 você deve pagar parcelas mensais de R$ 1.389,00 pelo prazo de 72 meses, porém como realizou um consórcio você acaba pagando R$ 411,00 a mais por parcela para participar desse grupo de financiamento e remunerar o administrador do fundo.

Quase 1/3 (um terço) da parcela é “desperdiçado” garantindo a operação do administrador e a manutenção do grupo de consórcio. Você não vê retorno desses valores, eles são a remuneração do administrador e da seguradora, bem como gestão de risco.

Para fins exemplificativos, se você investisse mensalmente os R$ 1.389,00 reais pelo mesmo prazo, a um rendimento de 0,7% a.m., você obteria ao final do período os mesmos R$ 129 mil reais!

Caso investisse os R$ 1.800,00 nas mesmas condições teria quase R$ 168 mil reais.

PEGADINHA 3 - Não é possível abater as parcelas com desconto!

Já que no consórcio não existe a cobrança de juros sobre o valor financiado, você basicamente não pode se beneficiar do efeito da “amortização dos juros”, aquela famosa dica de financiamento em que você paga uma parcela “do começo” e uma “do final” do financiamento para pagar menos juros.

No consórcio o que é cobrado é a taxa de administração, ou seja, a remuneração pelo serviço prestado pela empresa controladora do consórcio, como o valor cobrado é um serviço, não existe qualquer desconto sobre o valor pago antecipadamente.

Vamos ao exemplo utilizando os mesmos valores utilizados acima mas em dois casos diferentes, um financiamento e um consórcio:

CASO 1 – Financiamento normal

Você financiou R$ 100.000,00 pelo prazo de 72 meses com uma taxa de juros total de 15% + encargos, resultando em um financiamento de R$ 129.600,00.

Suponha que você ganhou na loteria e vai quitar a dívida no dia seguinte que contratou o financiamento.

Ao realizar isso, você teria os 15% de desconto referentes ao valor total da dívida:

R$ 129.600,00 x 15% = desconto
R$ 129.600,00 x 15/100 = desconto
R$ 129.600,00 x 0,15 = desconto
R$ 19.440,00 = desconto


Isso significa que você pagaria R$ 110.160,00 (total – desconto) para quitar seu financiamento.

CASO 2 - Consórcio

Você entrou em um consórcio de um bem de R$ 100.000,00 pelo prazo de 72 meses cuja taxa de administração são 15% + encargos, resultando em um custo total de R$ 129.600,00.

Mesmo que você ganhe na loteria e queira quitar o consórcio no dia seguinte, não haverá desconto do total, pois você deve pagar pelo serviço prestado pela administradora, ou seja, mesmo à vista, o pagamento deverá ser integralmente os R$ 129.600,00.

Isso te demonstra que ao optar pelo consórcio talvez seja melhor você manter o pagamento das parcelas pelo tempo necessário ao invés de quitar seu consórcio de uma só vez, mas é necessário fazer as contas.

Conclusão

É preciso ter cautela ao se comprometer com financiamentos ou consórcios de longo prazo ou de bens de alto valor, pois cada tipo de forma de compra de um bem pode gerar uma série de desdobramentos em sua vida financeira, seja ela positiva ou negativa. 

O importante é estudar as possibilidades na hora de contratar algo como um consórcio, entendendo suas vantagens e desvantagens. 

O principal problema que identificamos é que aqueles que te vendem esse tipo de serviços por inúmeras vezes não sabem essas diferenças ou não querem explicar aos seus clientes, sendo assim, cabe a você a responsabilidade por fazer as perguntas necessárias e obter todas as principais informações até entender que caminho X ou Y é o melhor na compra de determinados bens.

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